A ARTE SUTIL DAS AQUARELAS; 28.3.24:
... Há algo de sutil nas aquarelas cujos os outros meios não podem alcançar. Sua transparência que vem brindar a vista com aquilo que nos outros meios é opacidade, isto é, com a força cromática, nos trazem um frescor puro em seus matizes, como luzes cândidas a purgar a vista. Nossos interiores, quando se lhes contemplam, se suavizam junto com sua matéria, e esta matéria, por sutil que seja, eleva-se em magnitude ao que os outros meios prometem, mas ela traz estas promessas sob a pureza de suas transparências, de sua película fina, de suas luzes delicadas. Por mais que a mão esteja enervada, ainda assim sua matéria não transbordará por empastes agressivos, permanecerá serena, como águas calmas dum lago noturno, como a paz da natureza... ela caminha o caminho dos demais meios, mas seu rastro é distinto, transmuta os caminhos comuns e plásticos na suavidade de seu meio.
Seu meio, sua obra, sua vida respiram com ares de infância, ou antes, do que a infância possui de puro e de singelo. Sua simplicidade é seu grande trunfo, sua adaptabilidade seu grande apelo: cabe sobre os papéis como um anel sobre fino dedo, sem necessitar de maiores trabalhos, dos requintados acabamentos, despretensiosa aflora a obra, sob o triunfo da sutilidade.
Algumas de minhas aquarelas produzidas recentemente:
O croma poderoso do vermelho que fulgura sob o tom ruivo dos cabelos volumosos da modelo contrastam com o fundo de verde sóbrio, emergindo por ele como uma viva massa escarlate, podendo ser encontrado dentre as tintas que estou usando, descritas logo ao fim deste texto.
Todo o retrato foi produzido com tons esverdeados para as regiões frias, e tons diversos de vermelho para as regiões quentes, além do preto.
Pintar simples, ao meu ver, é na verdade reunir sob determinados elementos todo um mundo de percepções, cujas transbordam a uma só vez ante a vista do observador cujo tem uma impressão imediata da imagem, para além das impressões posteriores que a imagem vá lhe dizendo.
... Nunca pensei na aquarela como um mero meio de fabricar aguadas, ainda que sua excelência de transparência me seja muito proveitoso. As uso para pintar, simplesmente, como pinto me usando de qualquer meio, com o acréscimo das maravilhas particulares que só as aquarelas podem oferecer, como sua capacidade de transparência em relação aos meios opacos, sua elasticidade de pigmento em relação à diluição no meio ( a água), e seu "respiro" cromático, cujo difere do respiro das tintas opacas.
Usei muito a princípio a aquarela Sakura, a uso ainda e a uso há muitos anos, todavia, passei a também usar a marca Van Gogh, pois a princípio seus tubos de 10 ml me pareciam mais proveitosos adquirir em relação a algumas cores que costumo usar mais, como as cores para fazer tons de pele e cabelos, assim como para criar sombras. Sua potência cromática foi algo que me chamou a atenção quando me pus a usá-las, o que me fez sentir quase como se estivesse a pintar com tinta óleo.
Recomendo estas duas marcas, sendo a Sakura para quem quiser começar, sendo uma tinta de valor mais em conta para o consumo, embora suas bisnagas sejam de apenas 5 ml. As aquarelas Van Gogh, já sendo de uso profissional podem ser utilizadas por todos os aspirantes à arte, e embora seja um pouco mais cara que as da linha Sakura ( no que tange à caixa de 12 cores), ainda assim seu preço em relação às marcas consagradas é algo compensador.
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