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Foto do escritorJorge Quiros

Desenho a nanquim: materiais

Atualizado: 19 de ago.







DESENHO A NANQUIM: MATERIAIS

Bico de pena, pincéis e canetas para nanquim, diferenças



nanquim e pincel sobre papel, detalhe.



Podendo também serem combinados, penas, canetas e pincéis, o artista que usa a técnica nanquim pensa na maioria das vezes em extrair-lhe os resultados mais formosos, que se faz pelas relações entre as sutilezas e diferenças entre ambas as técnicas (...)




Os olhos mais sutis já notaram, provavelmente, as finas diferenças entre ferramentas de desenho - e de pintura - assim como entre os meios, suportes, etc. Então provavelmente notaram, os olhos de maior percepção visual, que há uma diferença entre os traços de um bico de pena e de uma caneta nanquim, para além dos traços - ou pinceladas e manchas - com o pincel, que, neste último caso, é de uma gritante diferença.

As diferenças, de um modo mais específico, entre canetas e bico de pena, é algo mais sutil de perceber, mas não difícil de passar aos olhos atentos. Um bico de pena, carregando tinta pura sob sua ponta, despeja esta tinta quase como um pincel: mas esta provêm de sua ponta dura, e vemos manifestar no papel um traço e não uma pincelada, embora o traço possua a capacidade da pincelada de reter tinta. A canetas, embora ágeis e práticas, produzem um traço cujo aporte de tinta, que não provêm diretamente de suas pontas - como no caso do bico de pena, cuja ponta jaz embebida de tinta - mas de seu corpo, é limitado em sua potência pelo grau de sua ponta. Embora hajam hoje pontas de caneta que simulem um pincel, assim como os bicos de pena também possuem graus de tamanho, o fator determinante de seus materiais - a ponta esférica e a carga contínua, mas limitada pela ponta nos primeiros; a ponta em bico e a carga provisória, mas versátil na projeção da tinta, no último - promove os destinos do processo, e o traço, conforme as minhas próprias experiências possui maior potência, com uma capacidade de projetar assim como de reter a carga de tinta nanquim.


Mas não faço demérito das canetas, apenas observo revelações do processo no que tange ao uso dos materiais. Aliás, as canetas, quando de boa marca, produzem ótimos resultados e são mais fáceis de usar, exigindo menos do controle do traço do que as penas; contudo, uma vez as penas tendo sido dominadas pela mão do artista, elas promovem maravilhas do traço. Com as canetas, para se conseguir áreas de traço mais densas, muitas vezes é necessário traçar mais de uma vez o mesmo ponto do desenho, como o bico de pena este procedimento pode ser resumido mais facilmente com menos investidas. As canetas, porém, nos darão uma teia de traços mais fina, para os objetivos de desenhos intencionalmente delgados.


Eis alguns desenhos de minha autoria, para a noção comparativa:



desenhos com caneta nanquim, por Jorge Quiros, 2024.
Desenhos com caneta nanquim, por Jorge Quiros, 2024.

Na foto ao lado, o desenho da esquerda ( em tamanho maior) foi feito com bico de pena, o da direita com caneta nanquim; é possível observar-lhes a natureza do traço entre ambos, o nível de preto e quantidade de tinta despejada por traço.







Abaixo, imagens em detalhe do tipo de traço e a natureza das hachuras que produzem, bico de pena e caneta nanquim, respectivamente os traços em hachura com bico de pena à esquerda, e à direita os feitos com caneta nanquim.




desenhos com bico de pena e nanquim detalhe hachura
Desenhos com bico de pena e caneta nanquim, diferença entre hachuras detalhe 1.




desenhos com bico de pena e caneta nanquim, hachuras
Desenhos com bico de pena e caneta nanquim, diferença entre hachuras detalhe 2.


Como se observa nas imagens, o traço e a hachura com bico de pena possuem uma maior quantidade de tinta alocadas do que os traços com caneta nanquim, assim como seu preto é mais intenso. Como o bico de pena carrega uma carga demasiada de tinta ao emergir do mergulho no nanquim, torna-se necessário estar lhe regulando o excesso de tinta que possivelmente indesejado, procedimento que ocorre quando se usam pincéis. Isto não ocorre, logicamente, com o uso das canetas, com elas se desenha de modo direto, bastando controlar a pressão da mão sobre a ponta, porém o potencial de tinta que poderão despejar sobre o papel permanecerá por isso mesmo controlado. Para além destes dois últimos materiais citados, os pincéis promovem a capacidade de se preencher grandes áreas de sombra com negro, sem que se recorra, para isso, o preenchimento por hachuras ou tracejados trançados, bastando uma ou algumas pinceladas para sugerir a presença se uma sombra, o que facilita a produção dos contrastes entre preto e branco, uma vez que suas pinceladas nos dão grandes projeções de tinta negra sobre o papel claro, podendo desenhar por padrões de grandes áreas de sombra contra as áreas brancas do papel, por justaposição.



Retrato feito em nanquim e pincel
Retrato feito em nanquim e pincel, por Jorge Quiros, 2024

Os pincéis, pois, não são utilizados somente com a técnica das aguadas, mas podem produzir linhas e traços de espessuras tais que o contraste torna-se expressivo, como no caso das relações entre traços grossos e fundos brancos das xilogravuras, além da variação de grandes manchas opacas de negro com linhas e traços de variados volumes e intensidade.

Isto é, o desenho com o pincel logra uma outra conquista da expressão artística, embora sejam ainda mais difíceis de se dominarem que os bicos de pena, não obstante, o seu uso desenvolve sobremaneira o sentido de linha e traço. Ao lado, um nanquim produzido recentemente por mim, me utilizando somente de pincel de média espessura, produzindo com ele linhas negras, traços amplos e manchas opacas.






Podendo também serem combinados, penas, canetas e pincéis, o artista que usa a técnica nanquim pensa na maioria das vezes em extrair-lhe os resultados mais formosos, que se faz pelas relações entre as sutilezas e diferenças entre ambas as técnicas, como, por exemplo, o nanquim usado com pincel para preencher o fundo com manchas escuras e a caneta usada para definir as linhas de personagens, ou como no caso deste desenho que exporei logo abaixo, aonde a aguada é utilizada junto com as linhas e tracejados ( também hachuras) feitos com caneta nanquim.




nanquim sobre papel, 2022.
O silêncio e a música, nanquim, por Jorge Quiros; 2022.


O silêncio e a música ( acima) foi realizado a priori com caneta nanquim, nesta época estara a usar mais a caneta e muitas vezes a combinava com aguadas do pincel e nanquim; a posteriori produzi as aguadas em diversos tons, como se pode notar na obra.


Em suma, é um meio artístico secular, cujos belos resultados extraídos de tão simples soluções - o preto e o branco, e suas diversas maneiras de expressão - nos dão ainda a bela sensação da arte.




 


Alguns materiais que utilizo ou que já tenha utilizado para arte em nanquim:


Canetas nanquim: https://amzn.to/3yK05SV





















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